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sábado, 29 de setembro de 2012

Me encanta


Se pensarmos na história da humanidade, muitas são as parvoíces perpetuadas durante séculos tidas como irrefutáveis. Galileu que o diga. No futebol há, nos dias de hoje, uma frase, julgo eu, cunhada pelo actual treinador do Sport Lisboa e Benfica que imediatamente adquiriu esse estatuto. A dada altura da sua carreira, a "Paula Rego do futebol" disse, e passo a citar, que os "jogadores de futebol são como os melões, só depois de se abrirem se sabe se são bons". Se não foi o mestre da táctica, foi o Rei Sol, são figuras que já se confundem porque a sombra das trevas nos impede de os distinguir. Não penso assim, obviamente, e por duas razões: 1) a minha avó, que é do campo, nunca escolheu um melão mau. Pelo cheiro e pelo toque reconhecia a sua sumarência e 2) ao contrário dos melões escolhidos pela minha avó, um bom jogador reconhece-se a milhas e é o toque de bola que o define. Esta não é uma arte perdida, está ao alcance de qualquer adepto de futebol. É como o bom escritor que se reconhece num parágrafo, o pintor no detalhe, o cineasta em poucos planos. Enzo Pérez, o motivo deste inteligentíssimo texto, é um desses casos. Lembra o solo de violino numa sinfonia. Tudo parece ser feito com harmonia, numa dança em que se assume como protagonista: a forma como conduz, como retém a bola e como facilmente ultrapassa adversários. Enzo tem tudo e a isto junta a inteligência. Sim, porque os grandes jogadores de futebol são seres dotados de grande inteligência, mesmo que confundam marisco com tremoços, a arte que praticam, sobretudo se o fizerem como Enzo, é o único atestado que necessitam. A todos esses, a minha vénia, a Enzo, que me continue a encantar.



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